sábado, 9 de outubro de 2010
Marina Colasanti : No reverso da palavra
( ...)
" É a metáfora que nos alça ao imaginário .
Como no sonho , só através de signos e
metáforas o imaginário se expressa e se deixa
penetrar. Pois o imaginário não é a palavra .
É o que está atrás da palavra.
(...)
Por trás de todas as histórias de casas assombradas
com ventos que uivam e portas que rangem , há uma
única e grandiosa história , a do pequeno ser humano
enfrentando corajosamente sua finitude .
( ... )
As palavras nos contam de uma casa e de um fantasma ,
um ser vindo do além . Mas por trás das palavras a
casa é um corpo humano , e a presença do além é a
morte que o assombra desde o momento em que nasceu .
E onde as palavras contam que a casa está vazia porque
ninguém se atreve a enfrentar o fantasma , o reverso
das palavras nos diz que quem não enfrenta seus medos
não é dono de si , não se habita .
E quando as palavras relatam como a personagem
decide assumir a casa , enfrentar o fantasma e
derrotá-lo ao fim da história ,lemos por trás delas
que a coragem é possível ,que nossa vida nos pertence
na medida que enfrentamos a morte , até o fim daquela
breve história que é a nossa ."
Marina Colasanti , in " Fragatas para Terras Distantes " , ensaios
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário