quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Nuvens ( I )
" Não há uma só coisa que não seja
nuvem . Assim são essas catedrais
de vasta pedra e bíblicos cristais
que o tempo alisa .
A Odisséia , veja , muda como o mar ;
há algo distinto a cada vez que a abrimos .
Seu velho rosto já é outro , visto
no espelho , e o dia é um duvidoso
labirinto . Somos os que se vão .
A volumosa nuvem que se desmancha no
poente é a nossa imagem .
Incessantemente a rosa se converte em
outra rosa .
Você é nuvem , mar, esquecimento.
E é o que perdeu a cada momento. "
Jorge Luis Borges
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