" Vestiu-se para um baile que não há.
Sentou-se com suas últimas jóias .
E olha para o lado , imóvel .
Está vendo os salões que se acabaram ,
embala-se em valsas que não dançou ,
levemente sorri para um homem .
O homem que não existiu .
Se alguém lhe disser que sonha ,
levantará com desdém o arco das sobrancelhas,
Pois jamais se viveu com tanta plenitude .
Mas para falar de sua vida
tem de abaixar as quase infantis pestanas ,
e esperar que se apaguem duas infinitas lágrimas .
Cecília Meireles , in " Poemas ( 1942-1959) "
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