terça-feira, 31 de agosto de 2021

ANA MARTINS MARQUES






                                                 
                                “ Eu deixei um bilhete sobre a mesa para quando você acordar .                                                             Eu tive que sair muito cedo e não sabia que palavras deixar .    Eu queria te dizer várias coisas sobre a noite , coisas que começariam  com palavras claras e doces mas ligeiramente ácidas , e depois um pequeno segredo e uma declaração firme e discreta e por fim uma frase que seria fria por fora mas quente por dentro como uma sobremesa francesa .                   Mas foi tão difícil , o sol batia de leve sobre a mesa , você dormia tão próximo e eu ainda não tinha calçado os sapatos , o que certamente interferiu um pouco na minha caligrafia .     Seu apartamento de manhã ainda decorado com os restos da noite . Eu não sabia o que dizer , e se a única caneta que encontrei era vermelha você pode supor meu sobressalto e então eu apenas escrevi . É tão tarde , mas eu estou pronta , se você  estiver . E desenhei sem cuidado , no canto esquerdo do papel um pequeno veleiro . “                                                    Bilhete