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terça-feira, 13 de março de 2012

POEMA CIRCENSE




" Atirei meu coração às areias do circo

como se atira ao mar uma âncora aflita .

Ninguém bateu palmas .

O trapezista sorriu , o leão farejou-me

desdenhosamente ,o palhaço zombou

de minha sombra fatídica .



Só a pequena bailarina compreendeu .

Em suas mãos de opala , meu coração

refletia as nuvens de outono ,

os jogos de infância , as vozes populares .



Depois de muitas quedas , aprendi .

Sei agora vestir com razoável destreza ,

os risos da hiena , a frágil polidez dos

elefantes , a elegância marinha dos corcéis .


Todavia , quando as luzes se apagam ,

readquiro antigos poderes e voo .

Voo para um mundo sem espelhos falsos ,

onde o sol devolve a cada coisa

a sombra natural e onde não há aplausos,

porque tudo é justo , porque tudo é bom ."



José Paulo Paes

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Poema de hoje ...



" Um dia segui viagem

sem olhar sobre meu ombro .

Não vi terras de passagem .

Não vi glórias nem escombros .

Guardei no fundo da mala

um raminho de alecrim .

Apaguei a luz da sala

que ainda brilhava por mim .

Fechei a porta da rua

a chave joguei no mar .

Andei tanto nesta rua

que já não sei mais voltar ."



José Paulo Paes , in " Canção do Exílio"

sábado, 16 de julho de 2011

À bengala : Haicai




" Contigo me faço

pastor do rebanho

dos meus próprios passos ."


José Paulo Paes

sexta-feira, 11 de março de 2011

Convite



"Poesia é ...brincar com as palavras

como se brinca com bola ,

papagaio , pião .

Só que bola , papagaio , pião

de tanto brincar se gastam .

As palavras não :

Quanto mais se brinca com elas ,

mais novas ficam .

Como a água do rio

que é água sempre nova .

Como cada dia que é sempre um novo dia .

Vamos brincar de poesia ? "


José Paulo Paes