Colette Colascione
" Quando me pediram para mostrar as veias
apresentei uma imagem tua .
E todos se riram e eu não entendi .
Nenhuma ciência consegue compreender o amor .
Arrancar-te de mim ou cortar os pulsos ?
E o que é a morte senão o instante em que
percebes que te amputaram uma veia da alma ?
Ainda que o corpo persista , ( os corpos por vezes
persistem , teimosos , quando todas as almas já
se foram , quando todos os espaços estão vazios
e só resta fechar a derradeira fechadura ;
há corpos teimosos que não percebem que
não depende deles , nunca depende deles ,
declarar a falência de alguém ) , ainda que
haja a inspiração de sempre
e a expiração de sempre ,
os segundos a passar , um a um , lentamente .
Pode faltar-me até o sonho se estiveres ao
meu lado para me fazer sonhar .
Todas as quedas são úteis se me puderes levantar .
Só para sentir que existes para mim ,
que estás para mim , e que verdade nenhuma
( ouço por aí que não posso depender de ti assim ,
que nenhum amor resiste a amar-se assim )
tem dimensão para se intrometer nesta
invencível mentira .
Quando não puder amar-te assim é porque
já não te amo . "
in , " prometo falhar "
Som na caixa ...