quarta-feira, 11 de março de 2015

CANÇÃO NA PLENITUDE

Ron Coulter


" Não tenho mais olhos de menina  nem corpo
adolescente , e a pele translúcida  há muito 
se manchou .
Há  rugas  onde havia sedas , sou uma estrutura
agrandada  pelos anos e o peso dos fardos
bons  ou ruins .
( Carreguei muitos com gosto  e alguns
com rebeldia )


O que te posso dar  é  mais que tudo 
o que perdi : dou-te  os  meus ganhos .
A maturidade  que  consegue  rir 
quando em outros tempos choraria ,
busca  te agradar quando antigamente 
quereria  apenas  ser  amada .
Posso  dar-te  muito mais  do que 
a beleza e juventude agora : 
esses  dourados  anos  me  ensinaram
a amar  melhor , com  mais paciência 
e não  menos  ardor , a entender-te
se  precisas , a  aguardar-te quando vais ,
a  dar-te  regaço  de amante e colo de amiga ,
e  sobretudo  força - que vem do aprendizado .
Isso  posso te  dar : um  mar  antigo  e confiável 
cujas  marés - mesmo se fogem - retornam ,
cujas  correntes  ocultas  não levam destroços 
mas  o  sonho  interminável  das  sereias ."

Lya  Luft   ,
in  "  Secreta  Mirada  e outros  poemas "


Som    na  caixa ....





18 comentários:

  1. Sempre sabes muito bem escolher e agradar quem te visita aqui! beijos, lindo dia! chica

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    1. Fico contente que assim pense , Chica . Obrigada . Beijos

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  2. Olá Marisa,
    A poesia a escancarar emoções que o tempo vinca no corpo.
    bj amg

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    1. Muito bem pontuado , Carmem . Concordo com você integralmente . Obrigada . Beijos

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  3. Oi Marisa, que beleza de poema, revela a Lya em toda sua humanidade de mulher madura e sábia, Só conhecia a sua prosa, mas ela tem talento para a poesia também...
    Bjs querida e ótima semana

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    1. Cristiane , a escrita da Lya Luft é encantadora seja na prosa ou na poesia , não é ? Obrigada por vir . Beijos

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  4. Muito belo o poema de Lya Luft!
    O tempo corre e passa por nós levando a suavidade e beleza da pele, no entanto também traz a maturidade para ver outro tipo de beleza; não a nos foi oferecida pela natureza, mas aquela que nós próprios conseguimos construir.
    Gostei muito da interpretação da Cassia Eller, que nunca tinha ouvido!
    xx

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    1. Laura , repito como a Lya Luft que , na maturidade conseguimos rir do que na juventude nos faria chorar . Bom que tenha gostado também da interpretação da Cássia Eller na música " Non , je ne regrette rien . Beijos

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  5. Não, não lamento nada - uma canção intemporal e bem adequada ao poema de Lya Luft., que gostei muito de ler.
    Sabemos que o tempo deixa as suas marcas mas também nos traz o que só o tempo pode trazer: apaziguamento, interioridade, sabedoria e, sobretudo, o prazer das coisas simples.
    Grata pela partilha, Marisa.
    Meu bjo :)

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    1. Odete , o fato de nada lamentar , nem o bem nem o mal ,ocorridos durante a vida é próprio da maturidade , não é ? Fico alegre que tenha gostado . Obrigada pela visita . Beijos

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  6. Tudo na vida tem um lado bom e um menos bom... assim é na maturidade. Bjus amada e muitas felicidades, sempre.

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  7. Nádia , a escritora deixa claro a beleza e consciência da mulher madura mesmo que sua pele não tenha mais o viço de outrora , concorda ? Agradeço por ter vindo . Beijos

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  8. Una preciosa Poesía A CANÇÃO NA PLENITUDE.
    Esas arrugas que son bellas y hacen resplandecer nuestra Alma y traslucir nuestra piel.
    La madurez no es borrar lo que se hace mal, sino el aprender de ello, no volviéndolo a cometer.
    Como decía Victor Hugo:
    " Los cuarenta son la edad madura de la juventud; los cincuenta la juventud de la edad madura."
    La Canción de Non, je ne regrette rien es apropiada para esta fenomenal composición.
    Abraços e Beijos.

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  9. Pedro Luis , seu generoso comentário com citações pertinentes é sempre por mim esperado . Obrigada . Beijos

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  10. Muito lindo saber que o tempo pode trazer tantas benefícios..quando o assunto é o amar....adoro a maneira como a Lia Luft valoriza a maturidade e suas possibilidades..beijos carinhosos a ti querida Marisa.

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