quinta-feira, 30 de setembro de 2021
terça-feira, 31 de agosto de 2021
ANA MARTINS MARQUES
“ Eu deixei um bilhete sobre a mesa para quando você acordar . Eu tive que sair muito cedo e não sabia que palavras deixar . Eu queria te dizer várias coisas sobre a noite , coisas que começariam com palavras claras e doces mas ligeiramente ácidas , e depois um pequeno segredo e uma declaração firme e discreta e por fim uma frase que seria fria por fora mas quente por dentro como uma sobremesa francesa . Mas foi tão difícil , o sol batia de leve sobre a mesa , você dormia tão próximo e eu ainda não tinha calçado os sapatos , o que certamente interferiu um pouco na minha caligrafia . Seu apartamento de manhã ainda decorado com os restos da noite . Eu não sabia o que dizer , e se a única caneta que encontrei era vermelha você pode supor meu sobressalto e então eu apenas escrevi . É tão tarde , mas eu estou pronta , se você estiver . E desenhei sem cuidado , no canto esquerdo do papel um pequeno veleiro . “ Bilhete
sábado, 31 de julho de 2021
PESSOA , NO ÚLTIMO DIA DO MÊS
JPM /olhares.com
" Todas as cartas de amor são
Ridículas .
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas .
Também escrevi em meu tempo cartas de amor ,
Como as outras ,
Ridículas .
As cartas de amor , se há amor ,
Tem de ser
Ridículas .
Mas , afinal
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são ridículas .
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas .
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas .
( Todas as palavras esdrúxulas ,
Como os sentimentos esdrúxulos ,
São naturalmente
Ridículas .) "
Álvaro de Campos
Som na caixa ...
domingo, 20 de junho de 2021
Mariana Salomão Carrara
Imagem da net
" Também fiquei querendo que livros fossem
igual sanfona . Que tudo que eu escrevesse ficasse
sanfonando na calçada pras pessoas ouvirem em vez
de lerem , já que ninguém sai lendo por aí .
Daí as páginas abriam e fechavam no meu braço
e as palavras iam saindo e se eu escrevesse
muito muito muito bem igual o Leonardo toca,
as pessoas acabariam dançando ."
Mariana Salomão Carrara ,
no livro " Se Deus me chamar não vou "
Som na caixa
terça-feira, 11 de maio de 2021
O BLOG FEZ 11 ANOS
Jean Paul Avisse
Ontem , 10 de maio , este espaço por mim querido
completou 11 anos .
Nestes tempos atuais tão sombrios ainda
se pode sonhar .
E tenho esperança em dias melhores quando
nossos encontros virtuais , através de nossos
blogs , sejam mais alegres .
Como disse Fernando Pessoa :
" Deus quer . O homem sonha . A obra nasce ."
Agradeço a presença de vocês , meus amigos ,
sempre sonhadores .
Beijos em todos .
Marisa
Som na caixa ...
terça-feira, 20 de abril de 2021
LYGIA FAGUNDES TELLES
Jinchul Kim
" Porque não lhe disse antes ?
Apertá-lo demoradamente em meu peito e dizer .
Não disse porque pensava que tinha pela frente
a eternidade .
Só me resta agora esperar que aconteça outra vez,
vislumbro este encontro , mas vou reconhecê-lo ?
E vou me reconhecer nos farrapos da memória
do meu eu ?
Peço que me faça um sinal e responderei ao
código secreto na noite e no silêncio dos navios
que se cruzam e se comunicam no mar ."
In , A Disciplina do Amor
O post de hoje é para parabenizar e homenagear
nossa grande e querida escritora Lygia Fagundes Telles ,
membro da Academia Paulista de Letras desde 1982 ,
da Academia Brasileira de Letras desde 1985 e
da Academia de Ciências de Lisboa desde 1987 , que
no dia de ontem , 19 de abril de 2021 , completou
98 anos .
Salve a escritora !!!!
Som na caixa ...
sábado, 20 de março de 2021
VALTER HUGO MÃE
Tarsila do Amaral
" Todos nascemos filhos de mil pais e de mais mil mães ,
e a solidão é sobretudo a incapacidade de ver qualquer
pessoa como nos pertencendo ,
para que nos pertença de
verdade e se gere um cuidado mútuo .
Como se nossos mil pais e mais as nossas mil mães
coincidissem em parte , como se fôssemos por aí irmãos ,
irmãos uns dos outros .
Somos o resultado de tanta gente , de tanta história ,
tão grandes sonhos que vão passando de pessoa a pessoa ,
que nunca estaremos sós ."
Valter Hugo Mãe ,
in " o Filho de Mil homens "
Som na caixa ...
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