sábado, 13 de outubro de 2012

PERGUNTA-ME

Irina Vitalievna Karkat
 
" Pergunta-me 
se ainda és o meu fogo
se  acendes  ainda
o minuto de cinza
se  despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore  do meu sangue
 
Pergunta-me
se o vento  não traz nada
se o vento  tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos
 
Pergunta-me
se te voltei  a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
se  eras  tu que eu via
na infinita  dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
 a folha rasgada
na minha mão descrente
 
Qualquer  coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que quero dizer ."
 
Mia  Couto

4 comentários:

  1. Olá!Boa noite!
    Marisa...
    Bela escolha! Grande Escritor Mia Couto...
    ... tantas perguntas que fazemos e não temos respostas, perguntar é sempre sinônimo de interesse, Perguntas...respostas...nem sempre boas... mas melhor assim que calar...
    Obrigado!
    Bom domingo!
    Beijos

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    1. Felisberto , bom dia !
      A mim me encanta Mia Couto como poeta e escritor . Bom que tenha gostado do post.
      Um domingo alegre para você .
      Beijos

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  2. Olá! Um excelente poema. Desejo-lhe um belo domingo! Todos os bons pensamentos!

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    1. Cristian , sempre atencioso e presente
      neste meu espaço .
      Obrigada e um ótimo domingo .
      Beijos

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