segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

AMOR BASTANTE





Marc Chagall 


" quando eu vi você 
tive uma  ideia brilhante 
foi como se eu olhasse 
de  dentro de um diamante 
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante 

basta  um  instante 
e você tem amor bastante ."


Paulo  Leminski 

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sábado, 17 de janeiro de 2015

POEMA DE HOJE ...

Jean Paul Nacivet 

" Além  da Terra , além do Céu ,
no trampolim do sem-fim das estrelas ,
no rastro dos astros , 
na magnólia das nebulosas .
Além , muito além do sistema solar ,
até onde alcançam  o pensamento e o coração ,
vamos ! 
vamos conjugar 
o verbo fundamental  essencial ,
o verbo transcendente ,
acima das gramáticas ,
e do medo e da moeda  e da política ,
o verbo sempreamar  
o verbo pluriamar
razão de ser  e de viver ".

Carlos Drummond de Andrade ,
no poema " Além da Terra, Além do Céu "

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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

OS MELHORES DESEJOS

imagem   da net 

Neste  início de 2015 , 
um belo poema de Amalia Bautista :

" Que  a  vida  te pareça suportável .
Que  a culpa não afogue a esperança .
Que  não te rendas nunca .
Que o caminho que segues  seja sempre
escolhido entre dois pelo menos .
Que te interesse a vida como
tu  a ela .
Que  não te apanhe  o vício
de prolongar  despedidas .
Que o peso da terra seja leve
sobre  teus pobres ossos .
Que a tua recordação ponha lágrimas
nos olhos 
de quem nunca te disse que te amava ."



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domingo, 21 de dezembro de 2014

PARA QUE SERVE A UTOPIA ?

Robert Hefferan 

" A  utopia  está lá no horizonte .
Me  aproximo dois passos, 
ela se afasta  dois passos .
Caminho  dez passos e o horizonte
corre  dez passos .
Por  mais que eu caminhe ,
 jamais a alcançarei .
Para que serve  a utopia ?
Serve  para isso :
para que eu não deixe de caminhar ."

Fernando Birri , citado por 
Eduardo Galeano ,
in " Las palabras andantes "


Amigos ,

Desejo a todos um Feliz e
 Abençoado Natal !
Que , em 2015 , com muita saúde , 
alegria e paz , continuemos
caminhando juntos .

Abraço  e  beijo vocês 

Marisa 

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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

94º ANIVERSÁRIO DE CLARICE LISPECTOR



( ...)

"  Para me  refazer  e te refazer  volto ao meu estado
de jardim e sombra , fresca realidade , mal existo e 
se existo  é com delicado cuidado . Em redor da sombra
faz  calor de suor abundante . Estou viva mas sinto que 
ainda não alcancei meus limites , fronteiras com o que ?
Sem fronteiras , a aventura da liberdade perigosa.
Mas  arrisco, vivo  arriscando . 
Estou cheia de acácias balançando amarelas ,
 e eu que mal  e mal comecei 
a minha jornada , começo-a  com um senso de tragédia,
adivinhando  para que oceano perdido vão os meus 
passos de vida . E doidamente me apodero  dos
desvãos de mim , meus desvarios me sufocam de 
tanta beleza .
Eu sou antes , eu sou quase , eu sou nunca .
E tudo isso ganhei ao deixar de te amar ".

Clarice Lispector ,
in " Água Viva "


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terça-feira, 25 de novembro de 2014

MANOEL DE BARROS


Sempre  foi grande minha admiração pelo nosso poeta
mato-grossense  Manoel de Barros , falecido há 12 dias . 
Estava  com 97 anos  e , nas palavras  de sua neta ,
 Joana de Barros :
" Ele  estava muito debilitado , muito  velhinho .
Ele descansou .  Ele virou passarinho ".

Seleciono trecho ,que gosto bastante, do seu
livro " Memórias  Inventadas- A Infância ".

" Eu tenho um ermo enorme dentro do olho .
Por motivo do ermo  não fui um menino peralta .
Agora tenho saudade do que não fui .
Acho que o que faço agora é o que não pude
fazer na infância .
Faço outro tipo de paraltagem .
Quando eu era criança devia pular muro 
do vizinho  para catar goiaba .
Mas  não havia vizinho .
Em vez de peraltagem eu fazia solidão .
Brincava de fingir que pedra era lagarto .
Que lata era navio .
Que sabugo  era um serzinho mal resolvido
e igual a um filhote de gafanhoto .
Cresci brincando no chão , entre formigas .
De uma infância livre e sem comparamentos .
Eu tinha mais comunhão com as coisas que
comparação . Porque se a gente fala  a partir
de ser criança , a gente faz comunhão :
de um orvalho e sua aranha , de uma tarde 
e suas garças , de um pássaro  e sua árvore .
Então eu trago de minhas raízes crianceiras 
a visão comungante e oblíqua das coisas .
Eu sei dizer  sem pudor que o escuro me ilumina .
É  um paradoxo   que ajuda a poesia e eu falo
sem pudor .
Eu tenho que esta visão oblíqua  vem de eu 
ter sido criança em algum lugar perdido
onde havia transfusão da natureza e 
comunhão com ela .
Era o menino e os bichinhos .
Era o menino e o sol .
O menino e o rio .
Era o menino e as árvores ."

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domingo, 9 de novembro de 2014

CÂNTICOS

Anie  Stege 

Cânticos  reúne  vinte e seis  poemas   de
Cecília Meireles , todos eles de caráter 
intimista   e introspectivo , alguns com mote
vinculado à eternidade e à autodescoberta .

Cântico  XIII

" Renova-te  em ti mesmo ,
Multiplica os teus olhos ,
para  verem mais .
Multiplica os teus braços 
para semeares tudo .
Destrói os olhos que tiverem visto .
Crie outros , para as visões novas .
Destrói os braços que tiverem semeado ,
para se esquecerem de colher .
Sê  sempre o mesmo .
Sempre  outro .
Mas  sempre  alto .
Sempre longe .
E  dentro de tudo ."

Cecília  Meireles  

Som   na  caixa ...


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