sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Octavio Paz



Palavras em forma redemoinho


" Abro a janela

que dá

pra nenhuma parte

A janela

que se abre para dentro

O vento

levanta

instantâneas levíssimas

torres de poeira giratória

São

mais altas que esta casa

Cabem

nesta folha

Caem e se levantam

Antes que digam

algo

ao dobrar a folha

se dispersam

Torvelinhos de ecos

aspirados inspirados

por seu próprio girar

Agora

abrem-se noutro espaço

Dizem

não o que dizemos

outra coisa sempre outra

a mesma coisa sempre

Palavras do poema

não as dizemos nunca

O poema nos diz ."

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