Aldo Balding
" Ele não apareceu .
Talvez tenha adoecido ou ficado debaixo
de um eléctrico .
Talvez outra pessoa se pusesse na conversa com ele .
Talvez se tenha esquecido do relógio , ou o relógio
se tenha esquecido de lhe dar o tempo certo .
Talvez o carro não pegasse , ou tenha ficado
avariado a meio do caminho .
Talvez alguém lhe telefonasse quando ia sair de casa ,
dizendo-lhe que tinha de ir a um funeral ou que
a mãe dele tinha morrido .
Talvez tenha encontrado um antigo conhecido .
Talvez tenha tido uma discussão no emprego ,
tenha sido despedido e esteja a esconder a
cabeça debaixo de uma almofada .
Talvez a ponte tivesse fechada e a seguinte também .
Talvez o semáforo permanecesse vermelho .
Talvez o multibanco tenha engolido o cartão ou
a meio do caminho tenha reparado que esquecera
o porta-moedas .
Talvez tenha perdido os óculos , não conseguisse
deixar de ler , houvesse um programa que ele
queria acabar de ver , não conseguisse dar
a volta à fechadura da porta , não encontrasse
as chaves em sítio nenhum e o cão dele começasse
a vomitar .
Talvez não houvesse um telefone por perto ,
não encontrasse o restaurante ou esteja à espera
em outro sítio , por engano .
Talvez - a última possibilidade ,
incompreensível e inesperada -
ele tenha deixado de me amar ."
Hagar Peeters ,
poeta holandesa , nascida em
Amsterdã-1972
Tradução de
Maria Leonor Raven-Gomes
Som na caixa ...
Um post muito belo!
ResponderExcluirDesde a imagem escolhida para ilustrar um poema excelente e muito realista, até à música, tudo muito bom.
Gostei muito, Marisa.
Boa semana, e até sempre!
Continua com esta excelente divulgação de grandes poetas!
xx
Laura , como sempre, suas generosas palavras me alegram . Obrigada . Beijos
ExcluirTalvez....a incerteza que assombra os apaixonados. Na ansiedade da espera, busca-se motivos mil para justificar a demora ou a ausência do ser amado, até mesmo a alternativa mais dolorosa e decepcionante, que é a de não se sentir mais amada
ResponderExcluirBela poesia de Hagar Peeters e linda música.
Perfeita ilustração.
Feliz semana.
Beijo.
Vera Lúcia , gosto bastante da colocação do talvez no poema . Muitas vezes procuramos todas as possibilidades para não admitir o término de um amor . Agradeço a visita . Beijos
ExcluirGosto da pintura que ilustra este belo poema de incertezas que assombram os apaixonados como diz a Vera.
ResponderExcluirUm abraço e boa semana.
Realmente , Francisco . As incertezas que assombram . Abraços .
ExcluirPoesia dos questionamentos... Não conhecia essa poetisa! Beleza! Linda semana,bjs, chica
ResponderExcluirChica , conheci alguns poemas de Hagar Peeters há pouco tempo . Gostei bastante e partilho com vocês . Beijos
Excluirtantas possibilidades... e impossibilidades!
ResponderExcluirAssim mesmo , Ana . Beijos
ExcluirOi Marisa,viajei nesse conto poético.
ResponderExcluirMuito lindo.
Bjs e uma ótima semana.
Carmen Lúcia.
Bom que também tenha gostado , Carmen Lúcia . Obrigada pela visita . Beijos
ExcluirOI MARISA!
ResponderExcluirUM CORAÇÃO, VIAJANDO NOS DESENCONTROS DA VIDA.
LINDO DEMAIS.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Zilani , uma espera repleta de preocupação , não é ? Beijos e obrigada .
ExcluirBoa tarde, maravilhosa composição poética que não tem talvez.
ResponderExcluirAG
António , a possibilidade de sim ou não , faz do poema um encontro ou desencontro , concorda ? Grande abraço .
ExcluirNilda Maria , muito me alegra que tenha aprovado minhas escolhas no
ResponderExcluirBlog . Venha mais . Venha sempre , Fui conhecer seu espaço e já sou seguidora , Grande abraço .
Muito interessante este poema (ainda não há muito escrevi um textito à volta do Talvez; está divulgado no blogue); este advérbio é poderoso na sua semântica.
ResponderExcluirParabéns pela(s) escolha(s).
BJO, Marisa :)
Odete , feliz com sua visita . Obrigada . Beijos .
ResponderExcluir